Já ouviu falar em vitrola? Assistiu Carlitos?
Dançou ao som de Elvis Presley, Jovem Guarda, Beatles, Michael Jackson?
Então somos da mesma geração!
Nasci na cidade de São Paulo, no bairro da Casa Verde, Zona Norte da cidade. Passei meus primeiros oito anos nessa região e minha infância pode ser considerada invejável. Naquela época, na década de 60, era possível brincar na rua tranquilamente - não havia trânsito nem violência. Sou privilegiada: cheguei a andar de bonde!!!
Todo dia, bem cedo, antes do colégio, eu ia até a mercearia da esquina comprar um litro de leite e um “filão” de pão. As embalagens de leite eram de vidro (01) – um perigo para as crianças!
A Coca-Cola também era fabricada em garrafas de vidro (02). E foi com duas garrafas de Coca-Cola que eu me acidentei feio na rua onde eu morava. Tropecei na guia da esquina da minha casa, cai sobre as garrafas e me cortei inteira! Sempre fui um pouco desastrada – tenho esse defeito até hoje!
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(01) | (02) |
Quanto às brincadeiras de criança, as nossas eram as de pega-pega, esconde-esconde, morto-vivo, passa-anel, queimada, bola de gude, pular corda, boca de forno, amarelinha e tantas outras que fica difícil recordar todas elas!
Logicamente, a brincadeira preferida das meninas era a de “casinha”. Não era o meu caso, embora eu adorasse as minhas bonecas – principalmente a Meu Amor (03) – minha primeira boneca - Dorminhoca e Susi (04) – e meus brinquedos de "casinha" (05 e 06). Mas o que eu gostava mesmo era brincar de “Jovem Guarda”. Explico adiante o motivo...
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(03) | (04) |
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(05) | (06) |
A televisão e a música também faziam parte do nosso dia-a-dia. Mas não dá pra comparar a atual programação das emissoras de TV com a daquela época. No meu tempo, os programas (apesar de serem exibidos em preto e branco – a TV em cores chegou em São Paulo no ano de 1972) eram mais inocentes.
Záz Tráz, Sitio do Pica-Pau Amarelo (primeira versão, em preto e branco), Família Trapo (07), Topo Gigio, os seriados O Gordo e o Magro, O Vigilante Rodoviário (08), A Feiticeira (09), Jeannie é um Gênio (10), I Love Lucy (11), A Família Dó-Ré-Mi (12), Julia, Hazel, Batman etc etc etc. E os desenhos animados? Meus preferidos eram Os Flintstones (13), Os Jetsons (14) e Gasparzinho.
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(07) | (08) |
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(13) | (14) |
Eu também adorava assistir aos comerciais de TV. Pra época, eram muito bem produzidos.
Mas muitos deles eram ao vivo, durante a programação. As garotas-propaganda, algumas vezes, se davam mal... Lembro de uma delas quando exibiu (ao vivo) uma geladeira para o telespectador. Ela abriu a geladeira pra mostrar a parte interna. Quando fechou a porta da geladeira, uma ponta de sua peruca se prendeu na porta e a pobre não percebeu. Resultado: a moça ficou sem peruca, completamente sem graça – ao vivo! Bons tempos... rsrsrs...
Por falar em TV em preto e branco, pra tentar reproduzir as telas coloridas nos tubos dos aparelhos de TV, no início da década de 60 alguém fabricou uma tela de plástico de sobrepor que simulava um tubo de TV colorido – colocávamos esse plástico (com azul em cima, amarelo no meio e verde em baixo) e a imagem ficava “colorida”... hahaha... Meu pai comprou a sua TV (15) logo quando se casou e era um móvel com TV, "vitrola" e armário. Nossa "radiovitrola" também era um móvel muito interessante (16), digna de um museu!... rsrsrs... Ela rodava os discos de vinil em 78 rotações.
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(15) | (16) |
A música também não era “enfiada” nos nossos ouvidos, como acontece atualmente. Tínhamos a oportunidade de escolher nossos próprios ídolos. Dos artistas nacionais, eu admirava demais a Elis Regina! Eu não perdia o programa que ela apresentava ao lado do Jair Rodrigues (hoje, meu amigo), Dois na Bossa (17), na TV Record. Logo em seguida, a Jovem Guarda “explodiu” em todo o Brasil. Aliás, era a minha brincadeira preferida.
O cabo da enceradeira era o meu microfone. Um vestido antigo de primeira-comunhão era o meu figurino pra interpretar a música "Pare o Casamento", da Wanderléa. Os retalhos das costuras produzidas pela minha mãe (que era costureira) se transformavam em minissaias e blusas iguaizinhas as das cantoras da época, como da própria Wanderléa, Martinha, a saudosa Silvinha (Eduardo Araújo), Lilian (da dupla Leno e Lilian) e tantas outras (18). Eu cobrava “ingressos” das minhas amiguinhas e amiguinhos pra assistirem às minhas performances: um doce valia o ingresso para o espetáculo! rsrsrs...
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(17) | (18) |
Alguns anos mais tarde, em 1972, surge o grupo Secos & Molhados (19). Um dos integrantes, Ney Matogrosso, chamou minha atenção pela belíssima voz e interpretação impecável. Meu falecido pai me levava pra assistir aos shows dos Secos (e eu ia com o rosto pintado, igual ao do Ney! rsrsrs...).
Quando o grupo se desfez, Ney partiu pra carreira-solo. Eu me formei em Jornalismo e o Ney foi o meu primeiro entrevistado – ele mesmo, meu ídolo de quando eu tinha apenas 12 anos de idade!
Não consigo transmitir em palavras o carinho e respeito que eu sinto pelo Ney Matogrosso! Nestes meus mais de 30 anos de carreira, tive a felicidade de entrevistar o Ney muitas vezes (inclusive para o DestaqueSP), e ele é sempre o mesmo: uma pessoa doce, inteligente e extremamente humilde. No dia em que marquei uma entrevista pra uma revista onde eu trabalhava, levei uma foto (20) que tiramos juntos, em 1979. Ele olhou bem pra foto, e disse: “Cléo, mas são dois meninos!" (risos)...
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(19) | Foto: arquivo pessoal (20) |
Créditos das fotos:
www.infantv.com.br
www.memorychips.com.br
www.mofolandia.com.br
www.neymatogrosso.com.br
www.televisoresantigos.com.br
www.embalagemmarca.com.br
Confira também:
A História de Michael Jackson
Fotos: arquivo pessoal e reproduçã
Sou jornalista, coordeno o portal DestaqueSP. Esta matéria é de minha autoria (é a história da minha vida). Gostaria que o meu texto fosse retirado deste blog porque não autorizei a publicação aqui. A matéria original pode ser conferida aqui, assinada por mim: http://www.destaquesp.com/nossos-idolos-ja-nao-sao-os-mesmos/ ... Grata, Cléo Tassitani.
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